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Fevereiro 23, 2013
nas margens de corpos sem sangue
os poemas organizam-se e crescem sem alma
a sua boca de madeira, cruel, beija os olhos do poeta,
cega a poesia e o que resta da prosa.
no azul dos corpos
o silêncio eleva-se
a mensageiro do infinito
e cresce junto aos versos
como penas de pássaros pequenos.
os troncos de silêncio
vomitam gritos vermelhos
nos cantos das quadras e estrofes
da pele encarnada dos aviões.
na sombra branca das quadras,
na penumbra lançada pelas estrofes,
o papel faz-se gelo e, sem nunca derreter,
caminha nas areias de um livro
como páginas antigas de um pinheiro.
as areias são apenas
um prenúncio de mar nas mãos
dos textos escritos pela lama
na carne dos imprópios.